O desapetite para inventar coisas prestáveis

Como diz Manoel de Barros em ‘Fazedor de amanhecer’, “sou leso em tratagens com máquina/ Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis”. Ao fazer parte de uma série artística, a construção em emular brinquedos como espadas, máscaras e bonecos, é para conectar-se à esta essência lúdica e simbólica da infância e da cultura. Transformar objetos simples em manifestações culturais, um convite à memória afetiva e à celebração da diversidade, como instrumentos que evocam proteção e celebram a prosperidade.

Como na poesia de Manoel de Barros, intento um design elaborado para capturar a imaginação e despertar memórias da infância, quando brincadeiras simples eram portais para outros mundos. A proposta é buscar no encantamento infantil um olhar e conectar à história afrodiaspórica presente nas tradições brasileiras. Os objetos transcendem seus propósitos originais como brinquedos, tornam-se uma manifestação artística que exalta a riqueza cultural de saberes populares.

Ao unir elementos sincréticos, a obra trata da diversidade, um tributo à imaginação, à infância, e à capacidade de transformar objetos simples em fontes de significado. O trabalho é, assim, um convite para explorar as fronteiras entre o sagrado e o lúdico, resgatando a magia que reside em nossa memória e identidade coletiva.

2013 – 2023