Com ginga e com a pipa, dos mitos e das realidades, permeia “Se Ícaro voasse no céu fluminense”, onde transcender as limitações físicas impostas e voar com os pés firmemente plantados no chão, abraçando a liberdade e a autonomia da pipa gingada enquanto permanece enraizado na minha própria história e identidade. Neste trabalho artístico, através das pipas adornadas com as palavras “ginga” e “drible”, como demonstrado, empenho-me em navegar os territórios limites que se desenham entre esses conceitos e o infinito do céu. Como um ato, tece narrativas que ecoam os sons, os ritmos das ruas e os movimentos nos céus. As pipas, caracterizadas por sua ginga elegante e suas cores intensas, transformam-se numa verdadeira extensão de minha essência, materializando de forma palpável os fluxos da rua e do transito. Na arte de empinar pipa, tal como Ícaro com suas asas de cera, encontra-se o anseio profundo de voar, de gingar e transcender limites conhecidos, desbravar horizontes inéditos, trilhando caminhos ainda não explorados.

No entanto, com a ginga na pipa, o desvio é para encontrar o equilíbrio que Ícaro não teve. A estampa, com as palavras “ginga” e “drible”, atua como uma imagem que dança na linha tênue entre a audácia e a cautela. Essa expressão espelha o movimento que o espectador deve buscar ao transitar por entre as pipas. Ao contemplar o gingado da pipa, assim como a pipa é moldada pelo vento, o espectador é desafiado a enfrentar e escolher, gingando através da beleza e da liberdade no espaço, mesmo nas condições mais complexas. Portanto, a proposição inaugura uma mediação sobre o gingado como uma dimensão essencial do espaço. Essa ideia transforma-se em um apelo caminho, à ousadia de perscrutar horizontes distantes. A palavra “Catimba” é uma palavra, especialmente usada no contexto do futebol, que se refere a estratégias utilizadas para desestabilizar ou enganar. Essas estratégias podem incluir simulações, entre outras táticas que visam desequilibrar o jogo a favor da equipe, ”catimba” é a malícia, astúcia ou artimanha. Contudo, não se deve perder de vista que a “ginga” transcende a mera habilidade de manobra; ela é, sobretudo, uma força vital para a adaptação catimbada da sobrevivência.

2021 – 2024